O poema de Paulo Roberto Sodré trata de partida – de alguém de algum lugar (―alhures‖). Já o de Mário de
Sá-Carneiro trata de chegada, do abrir a porta depois de uma ―campainhada‖.
Abordando a temática Partida e Chegada, elabore um texto narrativo de ficção, em que o narrador descreva
o transcorrer de uma viagem de ônibus e a recepção ao(s) viajante(s).
Estava eu, parado em um ponto de ônibus na pequena cidade de Castelo, interior do estado do Espírito Santo. Após cerca de quinze minutos, acenei ao motorista com o polegar e este deu seta no veículo até pará-lo completamente a cerca de três metros de onde eu me encontrava.
Ao subir os degraus que o veículo continha encarei o rosto do motorista e lhe retribuí a gentileza da parada com um sorriso e um "bom dia". Atravessando o corredor me deparei com um lugar vago, raro naquele tipo de transporte e horário. Resolvi me sentar. Ao meu lado estava uma senhora que aparentava uns sessenta anos de idade, cordialmente a cumprimentei com um sorriso e um "bom dia, como vai?".
O ônibus deu a partida e em meio a estrada, que ziguezagueava nas infindas curvas, rostos distintos iam se revelando em cada acento daquele veículo. Cerca de duas fileiras atrás de onde eu me encontrava havia uma menina, de cerca de quinze anos falando ao celular, provavelmente com seu namorado, pelas expressões faciais que manifestava. Mais adiante, pude encontrar dois trabalhadores de uma empresa mineradora, que a esta altura da viagem já se encontravam dormindo devido a exaustiva jornada de trabalho que estaria por vir.
A viagem continuava e não saía da minha mente as feições daquelas pessoas, eu imaginava quão diferente seriam os mundos de cada um de nós: eu, o motorista, a senhora ao meu lado, os dois empregados e a menina. Eis que sou surpreendido pelo cobrador, que me pedia o passe. Ao entregá-lo pude observar o uniforme da empresa rodoviária e suas feições, de que me recordei de quando acordava: cara amassada, olhos cerrados e baixa lucidez.
Eu olhava para fora e entre os postes de energia e vegetação, pastos e empresas mineradoras, uma doce sensação me veio à mente. E então me perguntava: como uma mesma espécie animal (homo sapiens sapiens) pode ser tão diferente? E como a sociedade transformou essas pessoas? Eram indagações que me preocupavam, mas ao mesmo tempo me confortavam em saber que cada qual, do jeito e da forma com que vivia buscaria sua própria felicidade. Então a viagem para mim acabou, puxei a cordinha e o motorista parou a uns trinta metros. Desci do veículo e comecei minha jornada estudantil diária.
Ulysses Fioresi.
Nossa, quando olhei a proposta até me assustei. Muito tempo que não fazia tentos narrativos, só dissertativo-argumentativos. Avaliem aí pessoal e se possível atribuam uma nota. Muito obrigado!
Sá-Carneiro trata de chegada, do abrir a porta depois de uma ―campainhada‖.
Abordando a temática Partida e Chegada, elabore um texto narrativo de ficção, em que o narrador descreva
o transcorrer de uma viagem de ônibus e a recepção ao(s) viajante(s).
Democracia de culturas
Estava eu, parado em um ponto de ônibus na pequena cidade de Castelo, interior do estado do Espírito Santo. Após cerca de quinze minutos, acenei ao motorista com o polegar e este deu seta no veículo até pará-lo completamente a cerca de três metros de onde eu me encontrava.
Ao subir os degraus que o veículo continha encarei o rosto do motorista e lhe retribuí a gentileza da parada com um sorriso e um "bom dia". Atravessando o corredor me deparei com um lugar vago, raro naquele tipo de transporte e horário. Resolvi me sentar. Ao meu lado estava uma senhora que aparentava uns sessenta anos de idade, cordialmente a cumprimentei com um sorriso e um "bom dia, como vai?".
O ônibus deu a partida e em meio a estrada, que ziguezagueava nas infindas curvas, rostos distintos iam se revelando em cada acento daquele veículo. Cerca de duas fileiras atrás de onde eu me encontrava havia uma menina, de cerca de quinze anos falando ao celular, provavelmente com seu namorado, pelas expressões faciais que manifestava. Mais adiante, pude encontrar dois trabalhadores de uma empresa mineradora, que a esta altura da viagem já se encontravam dormindo devido a exaustiva jornada de trabalho que estaria por vir.
A viagem continuava e não saía da minha mente as feições daquelas pessoas, eu imaginava quão diferente seriam os mundos de cada um de nós: eu, o motorista, a senhora ao meu lado, os dois empregados e a menina. Eis que sou surpreendido pelo cobrador, que me pedia o passe. Ao entregá-lo pude observar o uniforme da empresa rodoviária e suas feições, de que me recordei de quando acordava: cara amassada, olhos cerrados e baixa lucidez.
Eu olhava para fora e entre os postes de energia e vegetação, pastos e empresas mineradoras, uma doce sensação me veio à mente. E então me perguntava: como uma mesma espécie animal (homo sapiens sapiens) pode ser tão diferente? E como a sociedade transformou essas pessoas? Eram indagações que me preocupavam, mas ao mesmo tempo me confortavam em saber que cada qual, do jeito e da forma com que vivia buscaria sua própria felicidade. Então a viagem para mim acabou, puxei a cordinha e o motorista parou a uns trinta metros. Desci do veículo e comecei minha jornada estudantil diária.
Ulysses Fioresi.
Nossa, quando olhei a proposta até me assustei. Muito tempo que não fazia tentos narrativos, só dissertativo-argumentativos. Avaliem aí pessoal e se possível atribuam uma nota. Muito obrigado!