Certo e errado: será que existe mesmo?
Cariocas, gaúchos, sertanejos, analfabetos, paulistas e tantos outras pessoas são discriminadas por seu modo de falar. A Língua, enquanto é falada, é um organismo vivo, suscetível à mudanças e incorporações, e a fala, é a principal forma de constatá-las.
Seja "puxando" o s, o r, seja utilizando gírias características, cada povo tem sua cultura própria, que acaba perpassando o modo com que as pessoas falam. Algumas expressões são tão características que são certamente identidade cultural e patrimônio social de determinados povos.
Além disso, a fala é um instrumento importantíssimo para a comunicação. Dependendo da situação em que se encontra uma pessoa ou a quem ela se refere, a fala e consequentemente a escrita sofrem variações. Por exemplo, não há necessidade de se falar e escrever de forma culta quando se conversa com um amigo íntimo; do mesmo modo, não cabe gírias exacerbadas e expressões corriqueiras ao se escrever uma carta endereçada à Presidente da República.
Outro fator causador dessa discriminação é a incorporação de palavras exógenas, os estrangeirismos. A absorção desses vocábulos é fruto do intercâmbio de bens, serviços, pessoas e ideias. O inglês, por exemplo, forneceu à língua portuguesa palavras como xampu, futebol, golfe. Além da italiana pizza, a árabe esfirra e tantas outras incorporações.
Visando a "acertar" a língua e indo contra esses estrangeirismos, o deputado Roberto Requião propôs e conseguiu a aprovação junto à Assembleia Legislativa do Paraná de um projeto de lei que obriga a tradução de vocábulos de outros idiomas em propagandas no estado.
Em meio à tão discutida e divulgada globalização, fica difícil constatar uma cultura intocável. Ela é dinâmica, muda facilmente e é amplamente influenciada por outras. Em se tratando de língua portuguesa, não há certo ou errado, desde que a comunicação seja feita sem barreiras e desde que o respeito à pessoa humana ultrapasse qualquer mísero orgulho pátrio. A educação deve continuar ensinando a forma culta, mas é dever dela também, ensinar que a tolerância deve prevalecer e que os preconceitos e discriminações, isto sim, são errados.
Ulysses Fioresi.
Mais uma redação aí galera, comentem, avaliem, julguem, sugiram e deem nota, por gentileza. Voltando ao fórum depois de um certo tempo, muito estudo e pouco tempo... enferrujei na redação.
Muito obrigado e bom domingo à todos!