O coisa
Falar do homem como coisa é atender aos desejos mais epicuristas possíveis. Essa corrente filosófica grega, os epicuristas, via, no homem, a essência do prazer, ou, pelo menos, a busca por ele. Dessa forma, a dinâmica social é pautada pela busca de realizações profissionais, pessoais ou emocionais as quais, de certa forma, levam à futilidade do ser humano. Sendo assim, muitas ideologias surgiram de maneira a contrapor isso, como o socialismo e o anarquismo, por exemplo, e tentam, até hoje, "descoisificar" o ser social.O capitalismo, da forma como se o vê hoje, nada mais é do que uma competição desenfreada pela obtenção do meio de produção e reflete o âmago do ser humano quanto ao seu egoísmo e individualidade. Desde o surgimento da propriedade privada, no início das civilizações, o ser humano é coisificado e isso implica na interação deste com ele próprio e com os outros ao seu redor.
De fato, o homem como ser individual prevalece. O socialismo de Marx e Engels e o anarquismo de Bakunin associado ao movimento punk da década de 70 não conseguiram substituir o sistema e o tornar igual para todos. A desumanização talvez esteja no isolamento que o homem traz para si e para a sociedade. Porém, nenhum homem é uma ilha, já diria o escritor inglês John Donne.
Infere-se, então, que o ser humano é um ser complexo, seja este sozinho ou em grupo. Assim, a futilidade de seus anseios e a complexidade de seus direitos e deveres o tornam uma coisa. Uma coisa que em interação com outras coisas ou consigo mesma saiba o significado de ser humano, ou seja, a consciência de que o homem é consciente de ser uma coisa.
Mais um texto, que por sinal gostei bastante, afinal, gosto de temas subjetivos. Espero que também gostem. Abraços.